sexta-feira, outubro 07, 2005

Alguém aí topa fazer greve de fome?

Na onda de dizer o que outros já disseram, quero falar sobre a greve de fome do bispo nordestino. Dois jornalistas que admiro, Ricardo Noblat e Kennedy Alencar, tiveram opiniões bastante diferentes sobre o martírio a que se impôs o bispo amalucado. Noblat criticou o governo por aceitar o jogo do bispo e ceder a pressão feita por ele. “Lula não tinha que se meter às claras com a greve de fome do bispo de Barra. O gesto do bispo jamais seria apoiado por seus pares. [...] O bispo acabaria isolado, como acabou”. Ele chega a dizer que poderíamos ter gente começando greve de fome pelo Brasil afora para protestar contra a política do atual governo. Já Alencar destacou que o bispo acabou prestando um serviço ao país, reabrindo as discussões sobre a transposição do rio São Francisco. “A greve de fome de Cappio é uma oportunidade para o governo Lula convencer a opinião pública de que a obra interessa ao Brasil”.
Penso que Kennedy Alencar está com a razão nessa discussão. O bispo errou, porém permitiu que o assunto voltasse à pauta. Quanto à possibilidade outras greves dessa natureza, ainda tenho dúvidas se poderá se tornar uma prática comum – afinal, poucos brasileiros têm a projeção social de um bispo para chamarem a atenção da opinião pública e, principalmente, da imprensa.

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