segunda-feira, abril 03, 2006

O lamaçal da disputa eleitoral deste ano

Lúcia Hipólito da CBN (que estará no ciclo de palestras que a emissora maringaense inicia no próximo dia 19/4) comentou hoje pela manhã...

"O tamanho da desconfiança do Brasil nos homens públicos pode ser medido pelo tamanho do prazo de desincompatibilização. Seis meses antes da eleição, quem estiver em cargo público e quiser disputar outro, tem que sair. Isto porque está firmada a convicção de que, se ficar no cargo, a autoridade pública vai usar a máquina em seu próprio benefício eleitoral.

Esta situação faz com que o Brasil tenha campanhas eleitorais das mais longas entre todos os países democráticos. No mínimo, seis meses antes da eleição, o quadro precisa ser definido.

O resultado são campanhas caríssimas, sangrentas, que deixam um rastro de destruição. Depois, para governar, é um problema. Juntar os cacos não fica nada barato. Em todas as democracias, campanha eleitoral é meio cafajeste mesmo. Uma certa dose de golpes baixos, ataques pessoais e safadezas várias é sempre esperada. Faz parte do cardápio eleitoral.

Mas esta eleição de 2006 está pintando ser especial. Afinal, não é todo dia que se entra numa disputa presidencial no meio do furacão de uma gravíssima crise política. Se formos pensar bem, o ano de 2005 ainda não acabou. Seus acontecimentos invadiram 2006 e contaminaram definitivamente a campanha eleitoral.

Ainda resta uma CPI funcionando, a dos Bingos. Ainda está por ser votado o relatório da CPI dos Correios, há processos de cassação que não foram votados pela Câmara, o país ainda não tem Orçamento para o exercício de 2006.

Como se não bastasse, a Polícia Federal e o Ministério Público não têm mãos a medir. Os depoimentos se sucedem, os processos, bem ou mal, estão andando. E daqui para outubro pode acontecer muita coisa.

Não dá para prever como o presidente Lula vai chegar às urnas em outubro. Aliás, também não dá para prever como Geraldo Alckmin vai chegar lá. Lula arrasta os erros de seu governo, de seu partido e de seus companheiros. Além dos seus próprios erros, é claro.

Quanto a Alckmin, começou mal. Já entra na campanha tendo que explicar melhor o caso da Nossa Caixa e das verbas de publicidade destinadas a seus aliados. E o candidato tucano ainda vai ter que arrastar até outubro o formidável guarda-roupa de sua excelentíssima esposa. Os tais 400 vestidos vão render muito na mão de seus adversários.

Em resumo, vai correr muita lama."

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